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quarta-feira, 15 de abril de 2015

Velórios

A primeira lembrança que eu tenho de um velório foi do primeiro velório que eu fui.
Eu acho que eu tinha uns 8 anos, meu tio avô faleceu porque ele bebia demais, e eu acho que a família dele estava cheia disso, enquanto ele estava deitado bebado no chão da sala e a filha e a esposa dele começaram a  pular em cima dele, principalmente no torax e o resultado, depois de ficar uns dias na UTI ele não resisitiu e faleceu.
Exisitiu justiça? NÃO!
E o velorio foi na casa do irmão dele, eu era muito medrosa da morte, e minhas primas de segundo grau mais velhas que eu logo perceberam isso e ai faziam de tudo pra me amendrotar mais, do tipo ficar abrindo o olho dele, mexendo com ele, só sei que tive pesadelos horriveis, altos gritos a noite a ponto dos vizinho reclamarem.
Esse irmão eu tava cochilando no sofá e ele me pegou no colo e me colocou na cama e eu fiquei brava pq eu achei que era minha mãe e não queria ir pra escola rsrsrs mas ai me toquei que tinha um cadaver na sala ao lado e voltei rapidinho.
Quando foi o enterro minha Bisavó tadinha que é a mãe desses tios, não quis ir enterrar o filho dela, e minha mãe queria me obrigar a ir no enterro e eu não queria ir e minha mãe começou a me beliscar e eu chorei desesperada não querendo ir e ai minha Bisavó me pegou e falou que eu poderia ficar lá com ela.
Eu acho que eu falei Vovó eu gosto tanto de você e não gosto da minha mãe e ela brigou comigo.
Mais pra frente sempre que tinhamos que ir em Ibiá e a casa da Vovó tava cheia (o que acontecia quase sempre) ficavamos na casa desse tio.
E eu sentia muito carinho por ele.
Depois que eu cresci a gente fica bobo e eu não ia lá com tanta frequência lá.
Foi no ultimo aniversário da Vovó em vida, fui sozinha de ônibus, minha Vó tava la então voltei com minha Vó.
11 meses depois ela faleceu e eu não voltei lá mais. (não tive coragem de ir no velorio da minha Vovózinha)
Até domingo dia que meu tio avó que tinha me pego no colo faleceu.
Só acreditei quando eu vi.
Ele ia no medico de 6 em 6 meses, sempre com os exames em dia.
Almoçou na casa da filha, ia em casa pegar alguns ingredientes que a esposa pediu e no caminho da feira começou a passar mal, estacionou o carro, gritou socorro, a moça foi la pos ele no carro dele e levaram pro hospital onde ele não sobreviveu ao infarto fulminante.
A vida dele tava normal, um dia como outro qualquer e de repente morre.
Isso me fez refletir demais sobre a vida.
Na hora em que temos que fazer a passagem nada nos segura.
Sabe o que importa?
Quem a gente foi!
Se a gente fez o bem.
Os filhos dele tem o que agradecer o que ele fez por eles.
Homem trabalhador, não tinha preguiça de nada.
Isso me fez querer ser assim também, porque da morte ninguém escapa, acho que estamos nesse mundo pra fazer o bem.
Não tenho praticado o bem como gostaria e nem tenho feito o mal.
Eu já comentei com a minha mãe que quero ajudar as pessoas, não tenho dinheiro mas ajudar com o coração mesmo, ler um livro, ajudar crianças, amo os animais e ajuda-los também.
Vou começar a agir porque eu não sei a minha hora.


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