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sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Racionais MC´s parte III

A música que mais gosto deles.
"São Paulo, dia 1º de outubro de 1992, 8h da manhã.
Aqui estou, mais um dia.
Sob o olhar sanguinário do vigia.
Você não sabe como é caminhar com a cabeça na mira de
uma HK.
Metralhadora alemã ou de Israel.
Estraçalha ladrão que nem papel.
Na muralha, em pé, mais um cidadão José.
Servindo o Estado, um PM bom.
Passa fome, metido a Charles Bronson.
Ele sabe o que eu desejo.
Sabe o que eu penso.
O dia tá chuvoso. O clima tá tenso.
Vários tentaram fugir, eu também quero.
Mas de um a cem, a minha chance é zero.
Será que Deus ouviu minha oração?
Será que o juiz aceitou apelação?
Mando um recado lá pro meu irmão:
Se tiver usando droga, tá ruim na minha mão.
Ele ainda tá com aquela mina.
Pode crer, moleque é gente fina.
Tirei um dia a menos ou um dia a mais, sei lá...
Tanto faz, os dias são iguais.
Acendo um cigarro, vejo o dia passar.
Mato o tempo pra ele não me matar.
Homem é homem, mulher é mulher.
Estuprador é diferente, né?
Toma soco toda hora, ajoelha e beija os pés,
e sangra até morrer na rua 10.
Cada detento uma mãe, uma crença.
Cada crime uma sentença.
Cada sentença um motivo, uma história de lágrima,
sangue, vidas e glórias, abandono, miséria, ódio,
sofrimento, desprezo, desilusão, ação do tempo.
Misture bem essa química.
Pronto: eis um novo detento
Lamentos no corredor, na cela, no pátio.
Ao redor do campo, em todos os cantos.
Mas eu conheço o sistema, meu irmão, hã...
Aqui não tem santo.
Rátátátá... preciso evitar
que um safado faça minha mãe chorar.
Minha palavra de honra me protege
pra viver no país das calças bege.
Tic, tac, ainda é 9h40.
O relógio da cadeia anda em câmera lenta.
Ratatatá, mais um metrô vai passar.
Com gente de bem, apressada, católica.
Lendo jornal, satisfeita, hipócrita.
Com raiva por dentro, a caminho do Centro.
Olhando pra cá, curiosos, é lógico.
Não, não é não, não é o zoológico
Minha vida não tem tanto valor
quanto seu celular, seu computador.
Hoje, tá difícil, não saiu o sol.
Hoje não tem visita, não tem futebol.
Alguns companheiros têm a mente mais fraca.
Não suportam o tédio, arruma quiaca.
Graças a Deus e à Virgem Maria.
Faltam só um ano, três meses e uns dias.
Tem uma cela lá em cima fechada.
Desde terça-feira ninguém abre pra nada.
Só o cheiro de morte e Pinho Sol.
Um preso se enforcou com o lençol.
Qual que foi? Quem sabe? Não conta.
Ia tirar mais uns seis de ponta a ponta (...)
Nada deixa um homem mais doente
que o abandono dos parentes.
Aí moleque, me diz: então, cê qué o quê?
A vaga tá lá esperando você.
Pega todos seus artigos importados.
Seu currículo no crime e limpa o rabo.
A vida bandida é sem futuro.
Sua cara fica branca desse lado do muro.
Já ouviu falar de Lucífer?
Que veio do Inferno com moral.
Um dia... no Carandiru, não... ele é só mais um.
Comendo rango azedo com pneumonia...
Aqui tem mano de Osasco, do Jardim D'Abril, Parelheiros,
Mogi, Jardim Brasil, Bela Vista, Jardim Angela,
Heliópolis, Itapevi, Paraisópolis.
Ladrão sangue bom tem moral na quebrada.
Mas pro Estado é só um número, mais nada.
Nove pavilhões, sete mil homens.
Que custam trezentos reais por mês, cada.
Na última visita, o neguinho veio aí.
Trouxe umas frutas, Marlboro, Free...
Ligou que um pilantra lá da área voltou.
Com Kadett vermelho, placa de Salvador.
Pagando de gatão, ele xinga, ele abusa
com uma nove milímetros embaixo da blusa.
Brown: "Aí neguinho, vem cá, e os manos onde é que tá?
Lembra desse cururu que tentou me matar?"
Blue: "Aquele puta ganso, pilantra corno manso.
Ficava muito doido e deixava a mina só.
A mina era virgem e ainda era menor.
Agora faz chupeta em troca de pó!"
Brown: "Esses papos me incomoda.
Se eu tô na rua é foda..."
Blue: "É, o mundo roda, ele pode vir pra cá."
Brown: "Não, já, já, meu processo tá aí.
Eu quero mudar, eu quero sair.
Se eu trombo esse fulano, não tem pá, não tem pum.
E eu vou ter que assinar um cento e vinte e um."
Amanheceu com sol, dois de outubro.
Tudo funcionando, limpeza, jumbo.
De madrugada eu senti um calafrio.
Não era do vento, não era do frio.
Acertos de conta tem quase todo dia.
Ia ter outra logo mais, eu sabia.
Lealdade é o que todo preso tenta.
Conseguir a paz, de forma violenta.
Se um salafrário sacanear alguém,
leva ponto na cara igual Frankestein
Fumaça na janela, tem fogo na cela.
Fudeu, foi além, se pã!, tem refém.
Na maioria, se deixou envolver
por uns cinco ou seis que não têm nada a perder.
Dois ladrões considerados passaram a discutir.
Mas não imaginavam o que estaria por vir.
Traficantes, homicidas, estelionatários.
Uma maioria de moleque primário.
Era a brecha que o sistema queria.
Avise o IML, chegou o grande dia.
Depende do sim ou não de um só homem.
Que prefere ser neutro pelo telefone.
Ratatatá, caviar e champanhe.
Fleury foi almoçar, que se foda a minha mãe!
Cachorros assassinos, gás lacrimogêneo...
quem mata mais ladrão ganha medalha de prêmio!
O ser humano é descartável no Brasil.
Como modess usado ou bombril.
Cadeia? Claro que o sistema não quis.
Esconde o que a novela não diz.
Ratatatá! sangue jorra como água.
Do ouvido, da boca e nariz.
O Senhor é meu pastor...
perdoe o que seu filho fez.
Morreu de bruços no salmo 23,
sem padre, sem repórter.
sem arma, sem socorro.
Vai pegar HIV na boca do cachorro.
Cadáveres no poço, no pátio interno.
Adolf Hitler sorri no inferno!
O Robocop do governo é frio, não sente pena.
Só ódio e ri como a hiena.
Ratatatá, Fleury e sua gangue
vão nadar numa piscina de sangue.
Mas quem vai acreditar no meu depoimento?
Dia 3 de outubro, diário de um detento."

Racionais MC´s parte II

Esses caras ai tem o meu respeito!
Eles falam da verdade que acontece no brasil sem medo de nada e de ninguém!
Que verdade? A verdade que acontece que o cidadão brasileiro pobre que mal tem o que comer em casa, o tanto que a vida dele é dificil!
Eles falam do que acontece na favela mesmo!
Sem apelar pra baixaria!

Tem agora a Vida loka parte III
Ainda não escutei!

O Mano Brown não vai na impressa , na midia mesmo, até que quem não percebeu ainda agora vai perceber, vc ja viu o cara em programa na Televisão?
Bom, eu vi ele no programa Roda Viva na TV Cultura que é o único programa que ele aparecer por ser um programa de cultura e dizem que neste dia chegou a passar o IBOPE da globo, mas a fonte que meu falou isso é insegura !

Racionais MC´s

Um dos principais grupos de rap e hip hop brasileiros, os Racionais MC's surgiram no final da década de 1980. A primeira gravação dos Racionais MC's foi em 1988, quando o selo Zimbabwe Records (especializado em música negra) lançou a coletânea "Consciência Black". Neste LP, apareceram os dois primeiros sucessos do grupo: "Pânico na Zona Sul" e "Tempos Difíceis". Ambas canções apareceriam dois anos depois em "Holocausto Urbano", primeiro disco solo do grupo de rap. No LP, o grupo de rap paulistano denuncia em suas letras o racismo e a miséria na periferia de São Paulo, marcada pela violência e pelo crime. O álbum tornou os Racionais MC's bem conhecidos na periferia paulistana - o grupo fez uma série de shows pela Grande São Paulo. Ainda naquele ano, o conjunto fez dois na FEBEM.
Em
1991, os Racionais MC's abriram para o show do pioneiro Public Enemy, um dos mais famosos grupos de hip hop norte-americano, no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. A popularização na periferia de São Paulo fez com que os integrantes dos Racionais MC's passassem a desenvolver trabalhos especialmente voltados para comunidades pobres, dentre os quais um projeto criado pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, em que o conjunto realizou palestras em escolas sobre drogas, racismo, violência policial, entre outros temas. No final de 1992, foi lançado "Escolha O Seu Caminho", segundo LP do grupo.
No ano seguinte, participaram do projeto "Música Negra em Ação", realizado no Teatro das Nações em São Paulo, e gravaram LP "
Raio X do Brasil", terceiro disco do conjunto, lançado em uma festa na quadra da escola de samba Rosas de Ouro - para um público estimado de 10 mil pessoas. Canções deste disco como "Fim De Semana No Parque" e "Homem Na Estrada" (ambas de Mano Brown) fizeram grande sucesso em bailes de rap e nas rádios do genêro em todo o país.
Principal atração do "Rap no Vale", um concerto de
rap realizado no final de 1994, no Vale do Anhangabaú (centro de São Paulo), e que terminou em confusão e quebra-quebra, os membros do grupo foram presos pela polícia sob acusação de incitação à violência - a violência policial é um tema freqüente nas letras do grupo. Ainda naquele ano, a gravadora Zimbabwe lançou a coletânea "Racionais MC's".
Populares, os Racionais MC's participaram nos anos seguintes de vários concertos filantrópicos em benefício de HIV positivos, campanhas de agasalho e contra a fome, além de atuarem em protestos como o aniversário da
Abolição dos Escravos no Brasil.
No final de
1997, foi lançado o disco "Sobrevivendo no Inferno", pelo selo Cosa Nostra Fonográfica (do próprio grupo), que vendeu mais de 500 mil cópias. Dentre os grandes sucessos deste álbum estão "Diário de um Detento", "Fórmula Mágica da Paz", "Capítulo 4, Versículo 3" e "Mágico de Oz". com este disco, os Racionais MC's deixavam de ser um fenômeno na periferia paulistana para fazer sucesso entre outros grupos sociais. Apesar disso, o grupo adotou uma postura antimidiática. Um exemplo notório foi a cerimônia de premiação do Video Music Brasil, da MTV brasileira, quando Mano Brown provocou a platéia presente no evento, ao dizer que a mãe dele já teria lavado a roupa de muitos daqueles "boys", e ressaltou que o público dos Racionais MC's continuaria sendo o da periferia.
Continuam a se apresentar em clubes e quadras de escola de samba de comunidades carentes pelo Brasil. O disco chegou a marca de 500 mil cópias vendidas somente com distribuição do próprio grupo (nas bancas de jornal, bailes, clubes, quadras, shows e camelôs).
Em
2002, o grupo lançou "Nada Como Um Dia Após O Outro Dia", disco duplo que, assim como seu antecessor, foi bem recebido pela crítica. Entre os maiores sucessos estão "Vida loka (Parte I)", "Vida Loka (Parte II)", "Negro Drama", "Jesus Chorou" e "Estilo Cachorro". Em 2007, o grupo lançou "1000 Trutas, 1000 Tretas", primeiro DVD do grupo.