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segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Tristeza


Fatores Psicológicos

Antes de falarmos sobre a tristeza, precisamos definir os tópicos que distinguem este sen- timento da
depressão.
A tristeza é um sentimento intrínseco ao ser humano. Todas as pessoas estão sujeitas a tristeza. É a ausência de satisfação pessoal quando o indivíduo se depara com sua fragilidade. Enquanto a depressão é a raiva e a vingança digerida na pessoa. Na prática, é uma tentativa de devolver para os outros o que existe de pior em si.
A raiva existente na depressão é resultado da total falta de vitalidade e motivação. Existe também uma infantilização, onde o indivíduo induz o ambiente a ampará-lo e dedicar atenção exclusiva a ele. A depressão inibe a coragem de enfrentar os desafios; regride a busca do prazer e contamina o ambiente a sua volta.
A tristeza não chega aos limites citados na situação depressiva. Pelo contrário, é uma ferramenta valiosa para avaliação das metas de vida. Na infância, o modo de encarar a tristeza será definitivo para estabelecer a personalidade adulta.
Infelizmente, na cultura ocidental não valoriza-se os aspectos emotivos. Assim, um indivíduo se desenvolve crendo que a tristeza é um sentimento negativo, que fragiliza e expõe a personalidade. Por exemplo, uma pessoa insatisfeita num âmbito social sente-se triste, mesmo não tendo uma concepção nítida do que é a tristeza. Neste momento cria-se uma dívida com o próprio passado; o elemento sente que poderia ter aproveitado melhor as outras oportunidades que teve, e que agora o fazem um homem fracassado.
O descaso com os valores humanos acabam por expor o homem contemporâneo ao negativismo, e a busca excessiva pelos bens materiais e status social, compensa a carência sentimental, mas por outro lado, contamina e deturpa a noção de humanismo. Neste caso, a tristeza é apenas uma bússola que aponta a área emotiva mais afetada. Porém, outros sentimentos como o medo e a inveja funcionam como um alerta ao modo de vida desumano. A aceitação do fracasso e da fragilidade fica comprometida, já que o indivíduo direciona o motivo dos seus insucessos a outras causas, quando na verdade seriam apenas conseqüências. Portanto, fica claro que existe uma "auto-sabotagem".
O egoísmo exacerbado, no qual o homem é induzido desde a infância, produz um vazio pessoal. Porém, o bem-estar esta diretamente ligado a satisfação alheia. Se não houver a solidariedade, ou seja, a profunda preocupação com o próximo, o citado "vazio da personalidade" irá expandir-se. A tristeza ocupa este espaço e desmotiva o indivíduo a dar continuidade na busca de qualquer outro valor.
Outro fator que fortemente desencadeia a tristeza é a recusa. A dificuldade em aceitar o "não" torna-se desmotivante e abala a auto-estima. Por outro lado, a rejeição e a incapacidade frente a alguns obstáculos leva a quadros mais sérios e profundos da tristeza.
Várias correntes de discussão psicológica determinam os ganhos secundários do estado de sofrimento. É notório que o indivíduo que sofre, desperta comoção no ambiente, neste caso a atenção dispensada por outros faz com que o indivíduo sinta-se acolhido. Cultivar a tristeza é apenas fazer a manutenção desse estado de atenção e acolhimento despertada, é manter-se afastado e protegido da competitividade e ambição que norteiam a sociedade contemporânea. Mas na maioria das vezes, a solidariedade e o altruísmo são hipócritas, porque a necessidade da auto-superação e status social faz com que o sentimento de comoção seja verdadeiro, mas o apoio sincero é substituído pelo prazer na derrota alheia. Assim, esta afirmação é concretizada pelo fato de que o assistencialismo não supre as carências afetivas; é apenas um retórico inconsciente que absolve a obrigação da solidariedade.
Geralmente os indivíduos que sofrem de tristeza tem como característica básica de personalidade, impor a sua solidão pessoal para todas as pessoas que encontrarem no decorrer de suas vidas; como uma vingança contra seu sentimento que o martiriza. Assim, tornam-se retraídas, ciumentas e possessivas. Na questão sentimental, impõem ao parceiro uma eterna espera pela doação de seu lado afetivo.
Embora muitas vezes sofremos com determinados relacionamentos, sabemos que a perda pode nos custar ainda mais caro. O maior obstáculo para qualquer tipo de mudança é a desconfiança quase que absoluta em nosso potencial, gerando um receio imenso sobre se conseguiremos construir algo; se os ventos estarão ou não a nosso favor; se o destino ainda poderá nos reservar um mínimo de satisfação perante todo o pesadelo diário em que muitas pessoas vivem.

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